Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Dume

“O que em verdade, em verdade lhe digo, é que os portugueses (e os galegos da ruralidade da Galiza) deixaram há muito de recorrer a termos pagãos para designar os dias da semana. 

Independentemente da velha questão ideológica que subjaz nas motivações de Martinho de Dume, é sempre bom lembrar o papel de Braga na formação da actual identidade cultural (e linguística) galego-portuguesa, sendo essa a razão que leva muitos galegos de Ourense a visitarem a paróquia de Dume, às portas de Braga.

Seja como for, a antiga diocese de Dume acolheu, pelo menos desde finais do século IV, uma livraria enorme de textos em Grego, relacionados com a Cristandade. Tal facto fez afluir a Dume clérigos de outras partes da Europa Ocidental, nomeadamente o marselhês João Cassiano, como o meu prezado amigo saberá melhor do que eu. Essa afluência de clérigos transformou a referida zona dos arredores de Braga num dos mais importantes centros difusores de Cultura da Europa Ocidental no período clássico tardio.

Não foi por acaso que Martinho da Panónia foi parar a Dume, apesar de ter vindo de tão longe. Há até boas razões para se dizer que não foi Martinho que fez Dume, mas que foi Dume que fez... Martinho. Bem ou mal, Dume e Braga contribuíram para a nossa identidade cultural e é isso que hoje pesa neste esforço para a reintegração do idioma galego no sistema linguístico luso-brasileiro-africano, com todo o caldeamento de culturas que se entrecruzaram na nossa história comum, em especial com o fluxo cultural céltico, esse vento muito pneumático que soprou do norte dos Alpes.” Pedro Leitão – Portugal in “Portal Galego da Língua”

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