Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Portugal – Caranguejo chinês

É originário da costa leste asiática mas já se espalhou por todos o planeta, sendo actualmente considerado uma das 100 piores espécies invasoras do mundo. Em Portugal foi detectado no rio Minho no final dos anos 80 e desde o início dos nos 90 a sua presença foi observada no Tejo, onde actualmente tem uma população bem instalada.

O caranguejo-chinês (Eriocheir sinensis) é uma das muitas espécies não-indígenas que se conseguiu fixar com grande sucesso em regiões distantes da sua área de distribuição nativa, o leste asiático, e que tem causado impactos significativos nos ecossistemas e prejuízos avultados para o homem. O ciclo de vida desta espécie desenvolve-se entre-os-rios e os estuários, uma vez que as fêmeas migram para a zona estuarina na altura da migração, para desovar. Os juvenis do caranguejo-chinês migram depois para montante dos rios, para completar o seu ciclo de vida, sendo aí que são observados grande parte do ano. Este decápode é facilmente identificado por ter uma carapaça de dimensão média, arredondada, e um amontoado de pelos castanhos nas patas dianteiras. É uma espécie oportunista, que se alimenta de acordo com a disponibilidade alimentar no habitat que frequenta, podendo incluir plantas e animais na sua dieta. Esta espécie pode atingir elevadas densidades, como aconteceu em alguns rios na Alemanha, competindo ferozmente com as espécies nativas, danificando redes de pesca e podendo causar danos significativos nas margens, por destruir os taludes e raízes das plantas aquáticas.

Em Portugal não foram identificados impactos desta espécie, apesar dos pescadores indicarem danos causados nas redes de pesca. Até há pouco tempo o estado da população da bacia do rio Tejo era desconhecido, mas um estudo realizado recentemente mostrou que esta espécie é bastante abundante e tem uma distribuição geográfica alargada, entre a barragem de Belver e o estuário do Tejo (Coelho, 2013). Este estudo indicou que a espécie já é bem conhecida dos pescadores de rio e que, durante o Inverno e Primavera é capturado na zona do estuário, quando faz a migração para se reproduzir. Devido às elevadas densidades, este caranguejo já é capturado para comercialização, em particular num circuito estabelecido no seio da comunidade asiática. Devido à proximidade das bacias hidrográficas do Tejo e do Sado e à elevada capacidade de dispersão do caranguejo-chinês, é urgente o seguimento do estado desta população e a sensibilização dos pescadores para a prevenção da sua introdução em locais onde ainda não ocorre, tendo em conta o elevado risco esta espécie e aos potenciais impactos que poderá vir a causar. Paula Chainho – Portugal in “Setúbal na Rede”

Bibliografia:

Coelho, F. 2013. Distribuição e abundância da espécie exótica Eriocheir sinensis no estuário do Tejo. Tese de Mestrado em Gestão e Conservação dos Recursos Naturais. Universidade de Évora e Instituto Superior de Agronomia, Lisboa.

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