Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Brasil – Parque Estadual Marinho da Laje de Santos

Parque marinho no litoral paulista tem farta vida subaquática; de maio a agosto, as arraias-manta são as visitantes mais esperadas

No meio do mar tinha uma pedra, ou melhor, um rochedo. Sobre ele, centenas de ninhos de atobás. Entre os atobás, o apetite por peixes. Para matar essa fome, fartos cardumes nadando ao redor. Em volta deles, tartarugas, golfinhos e arraias-manta.

No mesmo quadro, um naufrágio cênico e grupos de mergulhadores desfrutando dos 5 mil hectares de área preservada do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, o único do tipo no Estado de São Paulo.

Diferentemente do que o nome indica, os pontos de partida para visitar a reserva são marinas de São Vicente, a 77 quilômetros de São Paulo. Um excelente destino de bate-volta, que abriga a mais farta vida subaquática do Estado.

Ao longo do ano, todos os fins de semana e feriados, seis operadoras regulamentadas por órgãos ambientais organizam saídas em lanchas rápidas, que levam cerca de 1h30 até o parque. Durante o trajeto, é comum avistar bandos de golfinhos, que não hesitam em acompanhar o barco. Emocionante.

Mergulhadores certificados aproveitarão muito mais as belezas submersas desse santuário, a 42 quilômetros da costa. No entanto, algumas empresas oferecem mergulhos de “batismo” para não credenciados, acompanhados de um instrutor. Escolas de mergulho podem levar alunos para o chamado check-out, prova prática antes do diploma, se as condições do mar permitirem.

No caminho, os imensos navios cargueiros que aguardam ancorados permissão para adentrar o porto de Santos vão ficando para trás. A navegação costuma ser suave no verão e no outono, e a visibilidade pode alcançar 40 metros.

É possível mergulhar o ano todo, mas de maio a agosto o parque recebe visitantes costumeiras: imensas arraias-manta, que podem chegar a 4,5 metros de envergadura.

Depois de quase duas horas de navegação, a chegada ao parque espanta. Em meio ao azul do Atlântico, brota um imenso rochedo de 550 metros de comprimento, 198 de largura e 33 de altura. Não há praias ou areia.

A palavra “laje” faz alusão à formação rochosa marinha que ultrapassa a superfície. Os atobás, às centenas, nos ninhos e voando à espreita de comida, parecem debochar de quaisquer explicações.

Cilindros a postos. À medida que afundamos, o costão fica mais nítido. Cardumes curiosos de sargentos se aproximam dos seres desengonçados que soltam bolhas estranhas. Budiões verdes e outros vermelhos e amarelos, jaguariças e peixes-cirurgião azuis se revelam aos poucos.

Uma tartaruga verde grande passa ao largo do grupo, e as pintadinhas arraias-chita são figurinhas fáceis. Confortável, a temperatura da água na média anual fica em torno de 22 graus.

Mais um pouco e alcança-se uma das paradas obrigatórias. Por entre uma leve nuvem de sedimentos, surge a proa da traineira Moréia. Com 15 metros de comprimento, o velho barco foi afundado em 1992 com o propósito de se transformar em um recife artificial. Sempre em casais, os peixes-frade deram as boas-vindas à portentosa carcaça que repousa no banco de areia, a 22 metros da superfície.

Já com pouco ar no cilindro, subimos em direção à lancha para descansar um pouco antes de voltar à água. Dessa vez, contra a corrente, na direção sul, margeando a pedra principal até o Parcel das Âncoras, formação rochosa completamente subaquática.

A visibilidade enevoou um pouco, mas alcançamos os 26 metros. Ali, uma surpresa para coroar o mergulho: um raríssimo grupo de oito enormes garoupas, uma delas com um metro de comprimento. Assunto de sobra para a viagem de volta ao continente. Felipe Mortara – Brasil in “Estadão”

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