Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 7 de julho de 2015

Açores – Museu da Emigração

Foto: Ana Carvalho
O Museu da Emigração, na Ribeira Grande, inaugurado há uma década, recebe todos os anos visitas “emocionadas” de emigrantes que vão “à procura das suas memórias” e que ao longo dos anos têm contribuído para o aumento do espólio deste espaço.

Malas, baús, mobílias, pinturas, artesanato, fotografias, loiças, roupa, cartas de chamada, uma máquina de escrever de 1972, uma máquina fotográfica de 1942, bilhetes de avião e objetos evocativos das festas do Espírito Santo são algumas das peças expostas no museu, instalado no antigo mercado do peixe da Ribeira Grande e o único dedicado à emigração açoriana.

O espaço começou por ter ofertas recebidas pelo ex-presidente do Governo Regional Mota Amaral em deslocações oficiais que efetuou às comunidades de emigrantes.

Mas fruto do “trabalho junto dos emigrantes e das atividades que tem promovido, [o museu] tem conseguido angariar ofertas de instituições, de particulares e dos próprios emigrantes, o que permitiu ao longo destes anos aumentar consideravelmente o seu espólio”, disse o diretor do museu, em declarações à Lusa.

“Os emigrantes já vêm com a ideia de separar um dia para uma deslocação ao Museu da Emigração. São as visitas mais emocionadas. É normal. Depois, comprometem-se a oferecer uma coisa para o museu. Sentem que o museu é um espaço onde também podem deixar as suas memórias”, disse Rui Faria, revelando que “uma das últimas ofertas foi uma bandeira do Espírito Santo do início do século XX que estava arrumada nos EUA e foi recuperada por um emigrante”.

O espaço, segundo Rui Faria, pretende divulgar e preservar o movimento migratório do arquipélago e nasceu da pretensão de “alguns emigrantes que sempre ansiaram por um espaço” que permitisse contar um marco “na vida dos açorianos”.

“No concelho, ou em qualquer freguesia dos Açores, há sempre alguém ou um familiar que emigrou”, frisou.

Verão, natal ou festas do Santo Cristo são períodos em que há mais emigrantes a visitarem o museu, que recebe diariamente também dezenas de estudantes.

“A ideia é que após a visita, o turista saia com a ideia do que foi a emigração açoriana. Esta é a primeira parte, que é dirigida às escolas e aos turistas que não têm a fonte histórica do nosso passado”, salientou o responsável pelo museu, acrescentando que os turistas acabam por desconhecer, até à visita ao museu, que existem “milhares de emigrantes” açorianos “espalhados pelo mundo, desde o Brasil, Alasca, Canadá, EUA, vários países da América do Sul”.

O Museu da Emigração criou, ainda, no seu sítio na internet, uma ferramenta que permite às pessoas descobrirem os seus antepassados emigrados, acedendo a fichas com fotografias de emigrantes.

Rui Faria adiantou que “existem atualmente mais de 6.000″, o que corresponde “a perto de 10 a 11 mil pessoas”.

Os registos da emigração no concelho da Ribeira Grande remontam a 1800, quando dezenas de pessoas partiram para Curaçau, seguindo depois os movimentos migratórios para o Brasil, EUA, Bermudas e Canadá, mas foi a partir das décadas de 50 e 60, com o incremento das viagens aéreas, que a emigração se intensificou neste concelho.

“Essencialmente, há bastante investigação da nossa parte que é traduzida em cronologias síntese que ajuda a explicar a evolução cronológica da nossa emigração”, disse ainda Rui Faria, acrescentando que as peças do museu são “um pouco do que deixaram os emigrantes, do que levaram e o retorno”. In “Revistaport” - Portugal

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