Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Galiza – Um estudo sobre celeiros galegos na Oceânia

Pesquisadores de Paris e Canberra dizem que os galegos descobriram Austrália 240 anos antes que Cook

Reza o ditado que há galegos até na Lua. E, ainda que não foram encontrados no satélite natural da Terra, a história tende a confirmar qualquer exagero a respeito. Assim acontece com os nossos antípodas. Embora as enciclopédias atribuem a sua conquista ao inglês James Cook, são muitos os especialistas que afirmam que Austrália e Nova Zelândia foram descobertas por galegos.

Quando, em 1642, o explorador holandês Abel Tasman chegou à Nova Zelândia, encontrou alguns celeiros sobre pilares. Eram umas construções estranhas, que não existiam em nenhuma outra cultura dessa região do globo. Hoje, não poucos estudiosos afirmam que, na verdade, são celeiros… Celeiros galegos levantados pelos aborígenes maoris.

A origem desta história está na expedição que, em 1525, partiu desde Corunha para a Índia, comandada por García Jofre de Loaísa. Seu objetivo era consolidar as descobertas feitas por Magalhães três anos antes. E tornou-se a segunda frota que conseguiu circunavegar a Terra.

Entre os marcos desta expedição é o resgate de Gonzalo de Vigo, um grumete de Vigo que se havia perdido na campanha de Magalhães e que sobreviveu durante quatro anos na ilha de Guam, vivendo com os nativos. Por incrível coincidência, foi encontrado pela nova frota e é considerado o primeiro Robinson do oceano Pacífico.

Mas antes deste facto insólito, aconteceu outro que marcaria esta história: o extravio da caravela "São lesma", que se perdeu no oceano e nunca foi encontrada. O navio, de 80 toneladas, tinha cinquenta tripulantes, dos quais a maior parte, cerca de trinta, eram galegos.

Durante séculos, pouco se soube da sorte destes homens, excepto por um facto muito estranho: Há palavras e topónimos em galego na Austrália, Nova Zelândia e algumas ilhas do arquipélago polinésio de Tuamotu. Hoje dá-se por certo que a sua origem está nos náufragos galegos da "São lesma".

A primeira teoria expô-la Roger Hervé, conservador do Departamento de Mapas da Biblioteca Nacional de Paris, que em 1982 publicou "A descoberta fortuito da Austrália e Nova Zelândia por navegantes portugueses e espanhóis".

"A caravela perdida"

Mas foi em 1988, quando o historiador Robert Langdom, da Universidade de Canberra, publicou "A caravela perdida" ("The lost caravel". Pacific Publications, 1988), em que afirma que os galegos se estabeleceram na Nova Zelândia, Austrália e na ilha de Amanu, onde narrações orais contam a chegada da "São lesma".

O professor Langdom (que por sinal compartilha o nome com o protagonista de "O código da Vinci"), garante que o navegador inglês James Cook, que chegou a Austrália 240 anos mais tarde, encontrou população branca em algumas ilhas e na costa australiana. Também localizou palavras que identifica como galegas. Além disso, acredita que a religião de Amanu, única na região, adora o "Deus Ouro", que identifica com a ânsia por este metal dos europeus recém-chegados.

Assim como, na mesma época, fazia Hernán Cortés no império mexicano, a obsessão dos conquistadores era o vil metal. Tanto perguntavam pelo ouro que os aborígenes chegaram a dar-lhe carácter divino e adorá-lo.

Mas, para que o caso seja redondo, o historiador australiano diz que os celeiros que começaram a construir-se em Nova Zelândia no século XVI não são nada além de celeiro.  Celeiros galegos nas antípodas.

O estudo de Langdom conclui que a "São lesmas" foi arrastada por uma tempestade e encalhou em Amanu. Lá retiraram os canhões, para a colocarem a flutuar. Segundo ele, estas são as baterias do século XVI que encontraram em 1969 os franceses, durante a construção da base militar de Hao, para os testes nucleares no atol de Mururoa.

Os galegos estabeleceram-se nestas ilhas, onde alcançaram uma posição preeminente. Após repararem a caravela, tentaram viajar às Molucas, pois sabiam que essas ilhas, chamadas então "das especiarias", eram o objectivo da Coroa espanhola. E que, se bem não poderiam contactar a expedição de Jofre de Loaísa, talvez encontrariam outra expedição ou a cidade forte que pretendiam fundar os seus compatriotas.

Os esforços dos náufragos da "São lesmas" foram inúteis. A bordo da sua caravela só conseguiram vaguear pela Austrália e Nova Zelândia, deixando a sua cultura, uma língua, e, aparentemente, um punhado de descendentes. O que seria a população branca encontrada pelo capitão James Cook.

E por isso há celeiros nos antípodas. Pelo menos, isso sustenta um historiador da Universidade de Canberra. E alguns outros colegas no mundo. Assim fica claro que, excepto na Lua, encontram-se galegos em todos os lugares. E o da Lua ainda está para se ver ... Eduardo Rolland – Galiza in “Ciencia Galega”

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