De 2000 para 2014 as
exportações mundiais saltaram de US$ 6 trilhões para US$ 22 trilhões e o Brasil
acompanhou essa tendência quadruplicando suas vendas para o mercado externo,
que passaram de US$ 55 bilhões para US$ 225 bilhões. Pode parecer muito, mas
esse crescimento poderia ter sido maior, tivesse tido o País administradores
públicos mais responsáveis, que promovessem investimentos em infraestrutura
superiores aos 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da última década.
O resultado disso é que hoje o
País tem de suportar um custo logístico equivalente a 11,5% do PIB, ou seja,
aproximadamente US$ 270 bilhões, levando-se em conta o PIB de 2014 (US$ 2,3 trilhões),
segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que representa o dobro
do que é gasto pelos EUA, o triplo do que é gasto pela Europa e o quádruplo do
que é gasto pela China. Segundo especialistas, o máximo admissível seria um
custo logístico de até 5% do PIB, ou seja, US$ 115 bilhões. Esse custo
provocado por estradas precárias e portos ineficientes, entre outros problemas,
influi diretamente nas vendas para o exterior, principalmente de produtos
manufaturados.
Obviamente, não é só o governo
que deve fazer investimentos, mas também a iniciativa privada que depende
diretamente de um ambiente otimista e de crescimento, o que não se vê hoje em
função de uma instabilidade política sem razão de ser, já que o Brasil
apresenta uma dívida externa líquida de apenas 34% em relação ao PIB, menor que
a da Alemanha (50%), país-exemplo de administração pública, dos EUA (80%), da
União Europeia (70%) e do Japão (127%).
Vive-se, portanto, hoje o pior
dos mundos unicamente porque se perdeu o bom senso político, o que ocasionou
uma grave crise de confiança que paralisou investimentos e consumo, sem base na
realidade dos números. Vivesse o País hoje sob um regime parlamentarista, como
as nações da Europa Ocidental, o atual governo (ou seja, o gabinete) já teria
sido substituído por outro que, com um primeiro-ministro de credibilidade à
frente, pudesse devolver a confiança à população e ao empresariado.
Enquanto isso não ocorre, o
que se prevê é que o País deverá cair até o final do ano mais dois postos no
ranking das maiores economias do planeta, passando de sétimo para nono, com um
PIB estimado de US$ 1,8 trilhão, sendo ultrapassado por Índia e Itália. Tudo
isso em função de uma carência de lideranças políticas nunca vista no País. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística
(ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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