Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Singapura - O jovem que venceu o ídolo

Joseph Schooling entrou para a história de Singapura, ao tornar-se o primeiro atleta a vencer uma medalha de ouro para a Cidade-Estado asiática. Pela proeza, o seu governo irá dar-lhe um prémio monetário de um milhão de dólares singapurianos (5,9 milhões de patacas ao câmbio actual). Bem merecidos, pois não é todos os dias que se vence Michael Phelps. E Schooling fê-lo na final dos 100 metros de mariposa. O nadador de 21 anos tem assim muitos motivos para sorrir, mas o maior de todos foi receber os parabéns do seu ídolo... o próprio Phelps, que acabara de perder a última prova a solo da sua carreira.

“Disse-me que estava muito orgulhoso pela minha medalha. Poder caminhar ao lado dele e festejar foi o melhor momento da minha carreira, vou recordar para o resto da minha vida”, disse o atleta, que conheceu Phelps pela primeira vez em 2008, em Singapura, quando tinha 13 anos.

“Estava a treinar e todos gritaram que o Michael estava ali. Corri para tirar uma fotografia e falar como ele. Se não fosse pelo Michael não teria chegado a este nível. Já queria ser como ele quando era apenas uma criança. Ele é a razão pela qual eu quero ser ainda melhor”, referiu Schooling, confessando que ainda tentou que Michael Phelps reconsiderasse na sua posição de abandonar a natação após os Jogos Olímpicos. “Tentei dizer-lhe para nos voltarmos a reencontrar dentro de quatro anos, mas ele disse que já chegava”.



















Michael Phelps falhou assim a sua 23ª medalha de ouro, mas acabou por obtê-la nos 4x100 livres. O maior campeão olímpico da história reagiu com fair play. “Não estou contente, obviamente ninguém gosta de perder. Mas estou muito orgulhoso do Joe. Quis mudar a natação e com as pessoas que estão hoje na modalidade acredito que o consegui. Agora, depois dos Jogos, vou gozar a minha vida com o meu filho e a minha mulher”, disse o atleta de 31 anos.

Em Austin, nos Estados Unidos, onde vive, Schooling viu o pai, Colin, colocar-lhe uma placa no quarto com a bandeira de Singapura e o símbolo dos Jogos Olímpicos, onde se lê também “50.1, recorda-te por que estás aqui”.

Esse era o tempo, 50.1 segundos, que ele considerava ser necessário para chegar ao pódio no Rio. Na madrugada de sábado fez um pouco pior, 50.39, mas foi o suficiente para bater o norte-americano Michael Phelps, o sul-africano Le Clos e o húngaro Laszlo Cseh, que também entraram na história dos Jogos Olímpicos ao terem conseguido pela primeira vez três medalhas de prata, com o mesmo tempo, 51.14 segundos.

Aos 6 anos Schooling tomou a decisão de ser nadador. Vivia então na Austrália e quis seguir os passos do tio Lloyd Valberg, primeiro atleta de Singapura a participar em Jogos Olímpicos. Para conseguir chegar ao topo resolveu mudar-se para os EUA, em 2011, para poder evoluir. E, se antes a natação lhe ocupava apenas algumas horas por dia, a medalha de ouro no Rio de Janeiro muito se ficou a dever aos grandes sacrifícios dos últimos anos.

Schooling acorda seis dias por semana às 06.00 para entrar na piscina, durante uma a duas horas. Em dias de semana, vai depois para a universidade, para aulas das 09.00 às 12.00, seguindo-se o ginásio depois do almoço. À tarde, mais duas horas de treino. É tão rigoroso consigo próprio que não se deita depois das 23.00. Tudo isto fê-lo ser, pelo menos uma vez, mais rápido do que o seu grande ídolo. Gonçalo Lopes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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