Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Timor Leste - A dimensão e importância da estratégia “Uma Faixa, Uma Rota”

O Ministro do Comércio, Indústria e Ambiente de Timor-Leste enaltece o papel do Fórum Macau na concretização da plataforma entre a China e os países de língua portuguesa. Ao Jornal Tribuna de Macau, Constâncio Pinto sublinhou a dimensão e importância da estratégia “Uma Faixa, Uma Rota”, uma iniciativa que terá “impacto positivo” na economia timorense

Concluída a 5ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa, o Ministro do Comércio, Indústria e Ambiente de Timor-Leste traça um balanço positivo da reunião.

Em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, Constâncio Pinto realçou o papel desempenhado pelo Fórum Macau como mediador entre a China e os países de língua portuguesa, incluindo Timor-Leste. “O Fórum é importante porque é uma plataforma económica para Timor-Leste, assim como para outros países da comunidade dos países de língua portuguesa”, disse.

Para o Ministro, a participação nesta conferência ministerial também foi favorável para Timor-Leste pelo facto de terem sido assinados “acordos bilaterais com a China dentro do instrumento ‘Uma Faixa, Uma Rota’”.

É precisamente na estratégia “Uma Faixa, Uma Rota”, e na qual participam nações que têm o português como língua oficial, que Constâncio Pinto coloca a tónica. Na sua perspectiva, a participação timorense nesse instrumento terá no país “impacto positivo na economia, sobretudo no comércio”.

Além disso, acredita que o estreitamento de relações entre a China, incluindo a RAEM, e o mundo lusófono permitirá “elevar o volume de comércio” entre as partes, sendo que o Fórum Macau também assume um papel fundamental neste capítulo. “É como um incentivo para Timor-Leste e outros países para que possam desenvolver os seus produtos que estão a ser procurados no mercado chinês”, destacou.

No rescaldo da reunião magna do Fórum, e já com regresso marcado para Timor-Leste, Constâncio Pinto frisou que “ainda vai haver [mais] acordos bilaterais”. “Agora vamos ver em que medida a China precisa de Timor ao nível da cooperação, mas sobretudo na área do comércio”, disse. “Depois disso, as coisas devem andar muito bem uma vez que temos já um acordo técnico entre os dois Governos ou entre as empresas privadas. Resta-nos ver as possibilidades e potencialidades que podemos explorar em Timor-Leste”, afirmou.

Para além do petróleo

Aproveitando a visita do Ministro à RAEM, a Universidade da Cidade de Macau (UCM) organizou ontem um encontro com alunos e docentes da instituição durante o qual se discutiram as “Oportunidades Comerciais e Económicas de Timor-Leste”.

Para Constâncio Pinto, este encontro traduziu-se numa “mais-valia” para a plateia que ficou mais conhecedora sobre a realidade do país. “Queria dar a conhecer aos estudantes que a nossa economia não depende só do petróleo para se desenvolver, mas antes de outros potenciais sectores como a indústria de minérios e turismo, principalmente, porque são áreas que podem ser mais desenvolvidas”, explicou.

Na palestra, o Ministro fez uma resenha dos “investimentos e da história de Timor-Leste”, um país que está “aberto ao investimento”.

“Estamos a encorajar os investidores de Macau para investirem em Timor. Falei sobre os incentivos que Timor pode oferecer às companhias, relativamente à isenção de taxas, e sobre as potencialidades que existem em Timor-Leste que são a indústria de petróleo, minérios, turismo, entre outras”, concluiu Constâncio Pinto.

A delegação de Timor-Leste, que participou na Conferência Ministerial em representação do Primeiro-Ministro, Rui Maria de Araújo, integrou ainda o Ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos Económicos e Ministro da Agricultura e Pescas, Estanislau da Silva, o Ministro das Obras Publicas, Transportes e Comunicações, Gastão de Sousa e o Assessor-sénior do Ministro do Planeamento e Investimento Estratégico, Pedro Lay.

Um “campeão” da coragem

Constâncio da Conceição Pinto notabilizou-se pelo seu papel na luta pela liberdade e auto-determinação de Timor-Leste, tendo sido eleito secretário do Comité Executivo do Conselho Nacional da Resistência Maubere (CNRM) em 1990. Um ano depois foi preso e torturado pelo exército indonésio, mas em 1992 conseguiu fugir para Portugal e, posteriormente, para os EUA, onde desenvolveu campanhas de sensibilização para a luta timorense. Testemunhou perante o Congresso dos EUA e Comissões das Nações Unidas, além de participar no Diálogo Intra-Timorense, na Áustria. Em 1997, recebeu o prémio de mérito do Congresso dos EUA, em reconhecimento pelo facto de ser um “corajoso campeão” da justiça social, política e económica em Timor-Leste. Detentor de um mestrado em Relações Internacionais pela Universidade de Columbia e licenciado em Estudos de Desenvolvimento na Universidade de Brown, em Providence, Constâncio Pinto foi Embaixador de Timor-Leste nos EUA e director Ministério dos Negócios Estrangeiros antes de ser nomeado Ministro do Comércio, Indústria e Ambiente. Catarina Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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