Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Portugal – O mercado portuário em Setembro de 2016

O movimento de carga registado nos portos do continente nos primeiros nove meses de 2016 continua a confirmar o comportamento do sistema portuário que vem sendo referido desde junho último. Ao ultrapassar em +2,5 milhões de toneladas (+3,7%) o volume observado no período janeiro-setembro de 2015 atinge um total de 69,6 milhões de toneladas, que constitui o valor mais elevado de sempre dos períodos homólogos, por efeito do crescimento do porto de Sines, que, com um apoio simbólico da Figueira da Foz, anula as quebras registadas nos outros portos.

Com efeito, o aumento de 4,6 milhões de toneladas do porto de Sines, que corresponde a +13,9%, absorveu a diminuição de -2,1 milhões de toneladas dos restantes portos, com exceção da Figueira da Foz (que cresce +1,2%, equivalente a 18,4 mil toneladas), distribuída de forma desigual entre -1,1% registada no porto de Leixões e -13,2% em Viana do Castelo, passando por -9,6% em Aveiro, -2,7% em Setúbal, -15,1% em Lisboa e -44,6% em Faro.

Sublinha-se que o comportamento dos portos de Sines e de Leixões é parcialmente explicado pela circunstância de o Terminal Oceânico de Leixões estar totalmente paralisado desde março para manutenção em estaleiro da monoboia, facto que induz variações de sinais contrários nestes dois portos, uma vez que os navios de grande dimensão transportadores de Petróleo Bruto são impedidos de descarregar esta matéria prima fóssil diretamente neste porto, o que levou a que tivessem passado por Sines cerca de 1,7 milhões de toneladas posteriormente embarcadas para Leixões. Esta situação explica em parte o acréscimo do movimento de Petróleo Bruto em Sines da ordem dos +48,6% (+3,4 milhões de toneladas) e a diminuição em Leixões de cerca de -9,5% (-0,3 milhões de toneladas).

Recorda-se que o porto de Faro está temporariamente sem qualquer movimento de carga (pelo facto de a Cimpor, sua única utente, ter decidido interromper a atividade do Centro de Produção de Loulé, em resposta à contração do mercado da construção e a suspensão da importação de clínquer e cimento por parte da Argélia), justificando a quebra de movimentação de -44,6% registada e que se perspetiva que se continuará a agravar até ao final do ano.

Decorrente do comportamento referido constata-se que o porto de Sines reforça, ainda que ligeiramente, a posição de líder passando a representar 54,4% do total, seguido por Leixões com uma quota de 19,6% (+0,1 pp) do total, de Lisboa que representa 10,6% (+0,2 pp) e de Setúbal que reduz o seu peso em -0,2 pp para 8%.

O movimento de contentores registado nos portos do continente no período janeiro-setembro de 2016 totalizou 1,97 milhões de TEU, valor que reflete um acréscimo de +0,3% face ao mesmo período de 2015, invertendo a quebra de -1,3% registada no acumulado do mês anterior.

Este comportamento no mercado de contentores, medido em TEU, resulta da conjugação das variações positivas de +4,4% em Sines, +7% no porto de Leixões, +11% na Figueira da Foz e +38,7% em Setúbal, com a quebra de -28,5% observada no porto de Lisboa (recuperando da quebra de -30,9% apurada no acumulado do mês anterior).

Neste segmento de mercado o porto de Sines mantém a posição de líder com uma quota de 54,1% do total de TEU movimentados, seguido de Leixões com 25,3%, Lisboa com 13,7% e Setúbal com 6,1%.

O movimento de contentores em Sines é fortemente influenciado pelo tráfego de transhipment que no período em apreço atingiu cerca de 842 mil TEU, volume que representa cerca de 78,9% do total movimentado no porto e que corresponde a um acréscimo de +3,3% comparativamente ao observado no período homólogo de 2015. Destaca-se que o comportamento deste indicador reflete um abrandamento do crescimento deste tráfego desde 2013, com variações sucessivas de +100,3%, +34,6% e +11,7% face ao ano imediatamente anterior.

No período janeiro-setembro de 2016 os portos comerciais do continente registaram 8098 escalas de navios das diversas tipologias, incluindo os navios de cruzeiro, que representaram uma arqueação bruta (GT) global superior de 148 milhões, refletindo uma quebra de -0,9% e um acréscimo de +4,1%, respetivamente, face ao período homólogo de 2015. A diminuição do número de escalas no conjunto dos portos comerciais resultou principalmente da quebra registada no porto de Lisboa, de -338 escalas, correspondente a -16,9%, apoiada pelas variações negativas de Aveiro, -4,9%, Faro, -48,3%, e Portimão, -28,6%, que anularam as variações positivas registadas em Viana do Castelo (+6,8%), Douro e Leixões (+0,2%), Figueira da Foz (+3,2%), Setúbal (+9,5%) e Sines (+13,7%, que determina o número mais elevado de sempre nos períodos homólogos). O volume global de arqueação bruta dos navios que escalaram os portos nacionais mantém o valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos, por efeito do comportamento dos portos de Aveiro e Sines, com variações de +1,7% e +19,7%, respetivamente. Também Setúbal regista uma variação positiva, de +7,6%, sendo, no entanto, em termos de GT, ultrapassado pelo registo verificado no ano 2000. Os restantes registaram quebras no volume total de GT, merecendo destaque o porto de Lisboa, com -15,3%, e Leixões, com -4,4%.

A quota mais elevada do número de escalas cabe ainda aos portos de Douro e Leixões, que representam 25,4% do total, seguidos de Sines com 22,7%, de Lisboa com 20,5% e Setúbal com 14,6%.

O comportamento dos mercados das cargas movimentadas nos portos comerciais do continente regista várias assimetrias, com variações positivas de +4,3% na classe de Carga Geral e de +8,9% nos Granéis Líquidos e uma variação negativa de -5,9% na classe dos Granéis Sólidos.

As tipologias de cargas que mais contribuíram para o comportamento foram a Carga Contentorizada e o Petróleo Bruto, respetivamente, com acréscimos de +9,2% e de +30,6%, devendo-se a quebra nos Granéis Sólidos essencialmente à diminuição do movimento de Carvão, cujo volume diminuiu para -13,4% (devido à quebra de produção de energia pelas centrais termoelétricas por efeito do acentuado aumento da sua produção hídrica e eólica) e dos Outros Granéis Sólidos, que registaram uma quebra de -4,1%.

Importa sublinhar, pela importância que traduzem para a economia em geral e exportações em particular, o comportamento dos mercados da Carga Fracionada e dos Produtos Petrolíferos, que registaram quebras de -15,7% e -7,2%, respetivamente.

A carga embarcada, que inclui a carga de exportação, quase atingiu 29,4 milhões de toneladas e ultrapassou em +2% o registo efetuado no período homólogo de 2015. Este volume, que constitui o valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos, resulta das circunstâncias referidas, que se prendem com a realização de operações de carga excecional de Petróleo Bruto, nomeadamente de Sines para Leixões, para colmatar a quebra da operacionalidade do Terminal Oceânico deste último porto.

No movimento portuário relativo às operações de embarque de carga, verificou-se, quando comparado com o período homólogo de 2015, uma variação positiva na classe dos Granéis Líquidos em +13%, uma manutenção na Carga Geral e uma redução de -14% nos Granéis Sólidos.

Na base da variação dos Granéis Líquidos está o acréscimo verificado no embarque de Petróleo Bruto, de +1,7 milhões de toneladas comparativamente ao nulo observado no período homólogo de 2015, que anulou a quebra verificada nos Produtos Petrolíferos e nos Outros Granéis Líquidos, de -8% e -6,7%, respetivamente.

No grupo da Carga Geral, com uma movimentação similar ao do período correspondente do ano anterior, conforme mencionado, observou-se um comportamento diferenciado entre as suas componentes, com o mercado da Carga Contentorizada a crescer +7% e que absorveu as quebras registadas nas restantes componentes, ou seja, -19,2% nos embarques de Carga Fracionada e -6,2% nos embarques da carga Ro-Ro.

O comportamento dos Granéis Sólidos nas operações de embarque resulta fundamentalmente da quebra de -14,2% dos Outros Granéis Sólidos, que representa cerca de 80% do total.

Sublinha-se o facto de apenas o porto de Sines ter contrariado o registo de variações negativas no volume da carga embarcada no período janeiro-setembro de 2016 face ao período homólogo de 2015, registando um acréscimo de +21,6%. Nos restantes portos o volume de carga embarcada observou um recuo face a 2015, sendo de relevar as quebras verificadas em Viana do Castelo, de -5,8%, Leixões, de -3,7%, em Aveiro, de -33%, na Figueira da Foz, de -3,9%, em Lisboa, de -24%, em Setúbal, de -10,4% e em Faro, de -44,6%.

O volume da carga desembarcada atingiu cerca de 40,2 milhões de toneladas, ultrapassando em 5% o valor registado no período homólogo de 2015 e constituindo, também, o valor mais elevado de sempre, por reflexo de idêntica situação observada nos desembarques da Carga Contentorizada, Petróleo Bruto e ainda no Ro-Ro, embora numa dimensão meramente residual.

Este comportamento resulta da conjunção das variações positivas observadas nas classes de Carga Geral e de Granéis Líquidos, de +10,9% e +6,8%, respetivamente, e da variação negativa de -3,3% da classe dos Granéis Sólidos. Estas variações a nível das classes de carga, são determinadas pelo volume dos ‘desembarques’ registados, respetivamente, na Carga Contentorizada, de +12,2%, no Petróleo Bruto, de +14% e no Carvão, de -14,3%, embora contrariados pelas quebras de -4,1% no desembarque de Carga Fracionada e de -6% nos Produtos Petrolíferos e pelos acréscimos verificados nos Produtos Agrícolas, de +7,2%, e nos Outros Granéis Sólidos, de +6,7%.

No tocante ao volume de carga desembarcada o comportamento dos portos foi bastante distinto, destacando-se as variações positivas de Leixões (+0,7%), Aveiro (+14,9%), Figueira da Foz (+11,5%), Setúbal (+10,9%) e Sines (+9%) e negativas em Lisboa (-9,1%) e Viana do Castelo (-33,3%).

Os portos que registaram um volume de carga embarcada superior ao volume de carga desembarcada, apresentando um perfil de porto ’exportador’, continuam a ser Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro (agora com atividade suspensa), cujos ratios de carga embarcada sobre total apresentam os valores 79,4%, 63,5%, 59% e 100%, respetivamente, embora com dimensões de volume muito distintas. Autoridade da Mobilidade e dos Transportes - Portugal

Poderá aceder a mais informação aqui.

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