Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Macau – Lançamento do livro “Jornalismo Multicultural em Português - Um estudo de caso de Macau”

No novo livro “Jornalismo Multicultural em Português – Um estudo de caso de Macau”, o autor José Manuel Simões concluiu que a imprensa local em português peca por ser “mais para os portugueses” do que de língua portuguesa. Por isso, entende ser preciso reforçar o papel dos jornais como “veículos de conhecimento”

A obra “Jornalismo Multicultural em Português - Um estudo de caso de Macau” é a mais recente produção do académico José Manuel Simões, através da qual conclui o seu pós-doutoramento na Universidade Católica Portuguesa. “Senti sempre necessidade de voltar ao estudo das questões que assolam e dizem respeito à comunidade jornalística de uma forma global, com o foco mais direccionado ao jornalismo que é feito em língua portuguesa”, explicou José Manuel Simões ao Jornal Tribuna de Macau.

O ressurgimento desta questão na vida académica do autor e coordenador do Departamento de Comunicação e Media da Universidade de São José (USJ) prolongou-se durante quatro meses, período em que analisou diariamente os jornais locais em língua portuguesa e entrevistou responsáveis da área, desde administradores, directores ou outros que lidam, directa ou indirectamente, com este meio.

Nesse sentido, o autor confrontou-se com uma necessidade comum em todos os jornais, a de ser mais multicultural. Por outras palavras, observou, “diria que são jornais mais para os portugueses do que jornais de língua portuguesa, porque os jornais em si chegam muito pouco às outras comunidades que falam português e deviam fazer essa aposta para chegar também a comunidades que falam outras línguas”.

Para o académico, os media locais devem ser “veículos de conhecimento” e de “relação com as outras comunidades”. “Em Macau, as pessoas vivem em segurança, há uma determinada harmonia entre as comunidades mas não há pontes, conhecimento até. Portanto, os jornais poderiam ter esse papel para contribuir que haja um conhecimento e uma maior proximidade das outras comunidades”, salientou.

Quanto às conclusões, o autor fala sobre a “dificuldade de acesso às fontes” que posteriormente “dificulta o trabalho dos jornalistas” embora haja uma “flagrante” liberdade de informação e de informação. “Há liberdade de informação e de expressão sem obstáculos, sem constrangimentos na forma como se faz jornalismo em português em Macau”, mesmo que, acrescentou, “se possa pensar que sendo os jornais subsidiados pelo Governo após cinco anos de existência estarão dependentes”.

Outro constrangimento, apontou, é a “pressão do tempo”. “Há um grande volume de trabalho” levando a que “haja muito pouco jornalismo de investigação”. “Faz também com que muitas vezes [os jornalistas] não possam confrontar fontes”, notou José Manuel Simões.

Por outro lado, o autor recorda também que a comunicação apenas se forma quando existe um emissor e receptor e, através desta obra, pretende contribuir para incentivar os media a elevar a sua capacidade de intervir para a criação de uma sociedade mais inclusiva e esclarecida.

“O jornalismo positivo pode tirar partido da informação para tirar conhecimento, educando, formando, construindo valores, contribuindo para o crescimento do ser humano e melhoramento do indivíduo”, concluiu.

A obra de José Manuel Simões foi apresentada na quinta-feira da semana passada, no auditório da USJ, e esgotou numa primeira fase. No entanto, o livro ainda será colocado à venda na Livraria Portuguesa. Catarina Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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