Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 4 de julho de 2017

Portugal - A Realidade dos Transportes Públicos

Em Portugal, as queixas e as manifestações negativas relativas aos transportes públicos já se tornaram num hábito. Na verdade já nem se pode apontar uma época mais crítica: seja Inverno, seja Verão, seja dia, seja noite, a rede de transportes públicos portuguesa apresenta inegáveis falhas e contingências, que são certamente uma das fontes para divergência entre Portugal e outros países europeus, nomeadamente nórdicos e da Europa Central.

Num cenário de crise, quando mais precisos são, os transportes públicos transparecem um cenário cada vez mais degradável e decadente. Um serviço, ainda assim, extremamente dispendioso, oferece aos seus utentes: greves mensais, atrasos, péssima coordenação e uma limpeza incrível (ou melhor falta dela). E como agravante, este é um dos sectores que apresenta um dos maiores buracos financeiros nas contas do Estado. Isto leva a que os portugueses deem preferência a viaturas particulares, gerando naturais consequências (negativas, sublinhe-se) na economia, no ambiente e na sociedade.

Devemos tentar agora perceber “Como será que funciona noutros países?” Extraordinariamente, cheguei há pouco tempo a essa conclusão! O serviço austríaco, por exemplo, foi um dos mais eficientes e organizados que conheci até hoje: uma articulação praticamente perfeita entre todos os meios de transportes, o que perfaz tempos de espera praticamente nulos; extremamente limpos – parece até que são encerados todas as manhãs; e frequentados por indivíduos civilizados e respeitadores (de tal modo, que nem há torniquetes). E por tais condições devíamos esperar um preço astronómico, principalmente tendo em conta que estamos a falar da Áustria (considerado um país de elevado custo de vida). Mas não, de todo! Por um passe de cinco meses, abrangendo grande parte da rede de transportes, para um estudante tem um custo de 75 €. Num país onde os transportes públicos são altamente competitivos, é raro o cidadão que recorre ao automóvel para se deslocar.



De facto, as diferenças são significativas e bem visíveis, e podem explicar as diferenças de crescimento e desenvolvimentos entre os dois países. As evidentes limitações das infraestruturas e logística da rede de transportes portuguesa, a que acresce a emergência de consideráveis externalidades ambientais, reforçam a necessidade extrema de uma reformulação do sistema de transportes públicos. Luísa Gaspar - Portugal

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