Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 19 de agosto de 2017

China – Futebol e o intercâmbio intercultural

A cidade de Shijiazhuang, capital da província de Hebei, foi o palco da segunda edição do Torneio Amigável de Futebol para Alunos do Ensino Médio Brasil-China, uma competição que visa o intercâmbio cultural entre estudantes brasileiros de mandarim e alunos chineses de escolas locais

Depois do sucesso que marcou a iniciativa lançada no ano passado, o Torneio Amigável de Futebol para Alunos do Ensino Médio Brasil-China voltou a decorrer este ano, em Shijiazhuang, na província de Hebei. Para a organização, o evento pretende não apenas incentivar os alunos brasileiros a interagir com os locais, aprofundando os seus conhecimentos sobre a cultura chinesa, como também proporcionar aos alunos chineses uma porta de acesso ao universo futebolístico e cultura do Brasil.

Focando-se no intercâmbio cultural e no desenvolvimento do futebol nacional, o Instituto de Desporto da Universidade Normal de Hebei (UNH), em parceria com a Shijiazhuang Danqiur Sports&Communication Co. Ltd, decidiu avançar para a organização da segunda edição do torneio. Neste ano participaram duas equipas do ensino médio do Instituto Intercultural Brasil-China (uma masculina e outra feminina), do Rio de Janeiro, e equipas representantes de nove escolas locais.

Huang Dawei, director do Departamento do Ensino e Pesquisa da UNH, defende que, apesar das barreiras linguísticas existentes entre os participantes, “a linguagem do futebol é universal, ajudando a eliminar a sensação de distanciamento entre as duas nacionalidades e promovendo a comunicação intercultural”, referiu o responsável, citado pelo Diário do Povo.

Salientando a importância de aparecerem talentos nacionais e estrangeiros bilingues, Huang espera que sejam criados programas de acolhimento que permitam aos alunos brasileiros viver na China, com famílias chinesas, de modo a garantir o “aprimoramento linguístico e a compreensão cultural, tal como a partilha de conhecimentos de artes marciais, ping-pong, futebol e até de samba”.

A par do plano de desenvolvimento da capacidade futebolística do país asiático, “cada vez mais treinadores brasileiros pretendem vir para a China para ensinar e treinar. Contudo, a língua continua a ser um enorme obstáculo”, acrescentou.

Oriundos do Colégio Estadual Matemático Joaquim Gomes de Sousa, também conhecido como Instituto Intercultural Brasil-China — instituição co-fundada em 2015 pelo governo do estado do Rio de Janeiro e a UNH — 26 alunos integrantes do projecto que envolve a aprendizagem de futebol e mandarim deslocaram-se até Shijiazhuang, acompanhados por treinador e professores.

João Kelis, de 15 anos, capitão da equipa masculina, e Ana Beatriz, 16 anos, jogadora da equipa feminina, decidiram estudar mandarim pelas oportunidades que a língua chinesa lhes poderá proporcionar no futuro, considerando o idioma uma mais-valia no currículo. “As coisas mais difíceis rendem melhores frutos. Se me esforçar mais para aprender o mandarim, melhor será o meu futuro”, considera João, que espera ter a oportunidade de estudar na China.

Ambos descrevem a China como um país organizado, não só pela forma como o trânsito está organizado nas ruas, como também pela metodologia aplicada ao futebol. Apesar do choque cultural, os dois estudantes não deixaram de salientar pela positiva outros aspectos, como a grandiosidade dos monumentos, a extravagância gastronómica ou a simpatia do povo chinês. “O Brasil deve fazer um investimento maior na educação para criar mais possibilidades de intercâmbio como esta, que nos permite vir aqui desfrutar da cultura chinesa, e os chineses da nossa também”, defendeu João.

Cativar os alunos com o desporto

Acompanhando os alunos, quer na aprendizagem, quer durante a deslocação, Ana Qiao, directora do Instituto Confúcio da Pontifícia Universidade Católica (PUC), afirmou que “a competição, ou o futebol, não são o objectivo principal” desta actividade. “Esperamos que através do futebol possamos vir a cultivar o interesse dos alunos”, apontou.

O Instituto Intercultural Brasil-China é a primeira escola a tempo inteiro com ensino bilingue, almejando cultivar talentos com capacidades linguísticas e conhecimentos culturais sobre a China. “Também ajudamos os alunos a dominar outras capacidades, a criar a noção de organização e disciplina”, explicou Ana, nutrindo a esperança de que, no futuro, possa vir a testemunhar o aumento do número de alunos brasileiros com a possibilidade de se deslocarem à China para estudar.

Lucas Cordeiro Alcantara, de 26 anos, foi o treinador de ambas as equipas e estuda mandarim desde 2016. “Apesar de ainda saber muito pouco, o estudo da língua chinesa proporcionou-me um maior conhecimento da cultura. Quanto mais procuro, mais encantado fico”, afirmou.

Descrevendo o torneio como uma actividade importante de intercâmbio cultural, o treinador espera que “o Brasil esteja a focar-se mais sobre esse aspecto [investimento na educação e no intercâmbio]. Acho que a China deve apostar também, porque vão aparecer bons resultados”.

Procurando o desenvolvimento de uma metodologia centrada no desenvolvimento dos jogadores como atletas e cidadãos, Lucas prevê um futuro auspicioso no que diz respeito ao cumprimento dos objectivos que a China traçou para o futuro. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau

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