Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Macau – Lançamento do livro “Macau. Cinco Séculos de Divertimento”

A Galeria da Fundação Rui Cunha acolheu ontem a sessão de lançamento de mais um livro do Professor Cândido do Carmo Azevedo, intitulado “Macau – Cinco Séculos de Divertimento”. A obra foi apresentada pelo professor Carlos André.

O 10º livro do autor, que depois de quase 30 anos em Macau vai regressar definitivamente a Portugal no final deste ano, resulta de parte da investigação que fez para a sua dissertação de doutoramento, para a qual dedicou seis anos de pesquisa sobre o diálogo intercultural do século XVI ao XX. “Macau – Cinco Séculos de Divertimento” é focado no percurso do divertimento no território, omitindo o que diz respeito aos outros territórios da diáspora oriental.

“Para tal, sem pressas tenho trabalhado desde 2010, mas melhorando e actualizando. A dificuldade é não haver arquivos referente ao tema lúdico. Tem de ser procurado nas pastas das Instituições”, disse o autor à Tribuna.

Cândido Azevedo optou por iniciar a obra com a fixação dos portugueses em Macau, indo até meados do século XX, porque “é a data do início do fim do Império oriental que, enfrentando um vasto campo de adversidades, havia chegado debilitado ao século XX, e que desapareceria em 20 anos, entre os anos 50 e 70”, disse.

“Com a evolução da sociedade muitos costumes perderam-se, outros transformaram-se quer na sociedade chinesa quer na portuguesa. Mas o percurso lúdico de matriz portuguesa, constata-se que não foi um sucesso”, comentou. Aponta como motivos para isto a dificuldade lusa de se impor culturalmente sob uma cultura milenária como é a chinesa, bem como o sucesso obtido pela cultura britânica.

Os vestígios da herança lúdica deixada pelos portugueses é limitada a actividades escolares e religiosas. Em termos escolares, resta a memória dos recreios com jogos, enquanto associados à Igreja que mantém festas regulares e cíclicas.

Para abordar o tema, o autor optou por dividir o percurso do divertimento em três períodos. O da dominação, onde a tentativa de definir uma ordem social se reflectia em ostentação e solenidade por parte de uma minoria privilegiada, sendo que “a dança, o teatro, a caça e os variados jogos equestres destacavam-se por serem as práticas mais expressivas de tal estatuto social”.

A segunda fase é marcada pela implantação do liberalismo. “A aristocracia, agora ociosa e decadente, procura ainda mostrar à burguesia em ascensão e à “elite nativa”, agora convidada, a necessidade da elegância, força e habilidade de outrora”, sendo as actividades principais o passeio público, a associação recreativa, os bailes e os banhos, os jogos de salão e de ar livre, a bicicleta, a náutica, o teatro, a ginástica, as lanternas mágicas e o auto-china.

É com a chegada da modernidade que surge em Macau “a influência inglesa e o seu sport”, explicou Cândido Azevedo, acrescentando que “agora sim, surge o desporto, a que todos aderem, a facilitar o empreendimento nunca antes conseguido, pelo menos na sua maior parte”.

Esta influência traz com ela o destaque para valores como o cavalheirismo. “Um modelo a integrar, pois concilia as atitudes e comportamentos, a experiência do prazer e do entusiasmo numa sociedade mais justa do que as anteriores”, afirmou. Salomé Fernandes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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