Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Portugal – Gaios ajudam a reflorestar

Ambientalistas acreditam que o gaio-comum poderá ser um dos aliados na reflorestação dos 440000 hectares que este ano foram arrasados pelos incêndios em Portugal

Com o nome científico de “Garralus glandarius”, o gaio-comum é uma ave habitual nas florestas da Península Ibérica que se destaca pelos seus tons azuis e acinzentados e tem a particularidade de comer determinados frutos, como bolotas ou castanhas, que guarda sob a terra para ter alimentos ao longo de todo o ano. É precisamente esta característica que a associação ambientalista portuguesa “Montis” quer aproveitar, desenvolvendo uma campanha de “crowdfunding” para obter fundos.

No final de Novembro, a associação lançou a campanha para arrecadar dinheiro que será usado para comprar as bolotas necessárias para os gaios-comuns procederem ao reflorestamento indirecto de carvalhos nos montes arrasados pelas chamas, explicou à agência EFE uma das suas responsáveis, Isabel dos Santos.

Os gaios armazenam bolotas num raio mínimo de cinco quilómetros para posterior consumo. Em apenas um Inverno, um gaio pode esconder no solo entre 3000 e 5000 bolotas que, depois, podem ser potenciais carvalhos, sobreiros ou azinheiras. De acordo com Isabel dos Santos, muitas dessas bolotas que escondem são esquecidas pelos próprios pássaros e acabam por germinar.

Estes pássaros costumam utilizar inclusive as cotilédones de ditos rebentos – sem prejudicar o crescimento da planta – para alimentar as suas crias durante a Primavera.

Desta forma “utilizaremos processos naturais para o processo de expansão dos carvalhos, mediante o comportamento de uma espécie de ave que possibilita uma sementeira muito barata”, defendeu a especialista da “Montis”.

Para isso, a associação vai colocar bolotas em diferentes tabuleiros de madeira em zonas altas (inacessíveis para os roedores que também comem bolotas). Antes disso, os ambientalistas vão assegurar que os gaios-comuns habitam nas zonas próximas aos locais incendiados.

A associação vai iniciar esta iniciativa em várias zonas da região Centro de Portugal muito prejudicadas pelos fogos, como a Serra de Arada, Serra de Freita e na comarca de Caramulo.

No início do Outono chegaram a colocar um primeiro tabuleiro com bolotas para que fossem recolhidas pelos gaios-comuns, mas foi engolido pelas chamas durante a onda de incêndios que queimou milhares de hectares no país. Tendo em conta que o gaio-comum é capaz de transportar frutos como as bolotas por distâncias superiores a 100 quilómetros, esta é uma das melhores opções para a propagação natural deste tipo de sementes, considera a “Montis”.

Nos últimos meses, uma das prioridades de Portugal tem sido o reflorestamento das florestas ardidas mediante árvores autóctones que, ao contrário dos pinheiros e eucaliptos (mais rentáveis), não favorecem a propagação dos incêndios. Para os especialistas, o reflorestamento das florestas lusas com carvalhos e sobreiros é a melhor opção, comparativamente ao pinheiro preto e o eucalipto, espécies que não favorecem a biodiversidade e são aliados dos incêndios.

Voluntários e entidades ambientalistas também iniciaram a iniciativa “Semear Portugal por Via Aérea”, que consiste em lançar sementes desde aeronaves para reflorestar os montes queimados de zonas como a Serra da Estrela. In “Jornal Tribuna de Macau”

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